Há uma diferença silenciosa, mas decisiva entre as gerações que hoje usam as redes sociais: a forma como as vivem.
Os Millennials cresceram com as redes. A Geração Z já nasceu dentro delas. E essa diferença muda tudo, sobretudo para quem comunica turismo.
1. Os Millennials: a geração que construiu o palco digital
Os Millennials viveram o aparecimento e a ascensão das redes sociais. Eram curiosos, experimentais, criadores por natureza. Foram eles que testaram os primeiros formatos, que aprenderam a falar em “algoritmo” sem saber que o estavam a fazer.
Produziram conteúdos, mostraram o quotidiano, lançaram blogs, tiraram fotografias com filtros saturados e foram os primeiros a transformar viagens em experiências partilhadas.
Para o turismo, foram (e continuam a ser) uma geração de ouro: gostam de partilhar, valorizam experiências e acreditam que uma boa história vale mais do que um bom pacote.
2. A Geração Z: nativos do consumo rápido
A Geração Z não descobriu o digital, nasceu já com ele. Para eles, o scroll é natural. O conteúdo é instantâneo. E o foco é volátil.
São menos produtores e mais consumidores. Não têm necessidade de se expor tanto como os Millennials, nem de documentar cada momento. Querem sentir o momento e, se fizer sentido, partilhá-lo.
O problema é que esse “fizer sentido” é cada vez mais seletivo.
São consumidores exigentes: procuram autenticidade, rapidez e verdade. Desconfiam da comunicação forçada e das campanhas formatadas. Preferem vídeos de 10 segundos com emoção real a anúncios com slogans pensados ao milímetro.
3. O desafio: comunicar turismo para quem vive em velocidade
O turismo é, por natureza, uma experiência sensorial e emocional. Mas comunicar com a Geração Z exige mais do que mostrar lugares bonitos.
Exige contexto, verdade e proximidade.
Esta geração quer ver o lado humano do destino: quem lá vive, o que se come, o que se sente, o que se ouve.
Quer ver imperfeição. Quer sentir que a experiência é real.
E quer isso no imediato, num vídeo curto, num som de fundo, num olhar espontâneo.
A comunicação, mesmo dentro do turismo não pode ser estática. Tem de ser adaptável, em tempo real, e ajustada a um consumo que acontece entre notificações.
4. Oportunidade: plantar presença hoje para colher amanhã
A Geração Z ainda não é a grande decisora de viagens, consumo, mas vai ser. E quando chegar a esse ponto, vai reconhecer as marcas que já a acompanham.
As empresas que hoje conseguem criar ligação, sem forçar, sem vender agressivamente, estarão no topo da memória quando chegar a altura de escolher um destino, um hotel ou uma experiência.
Não se trata de falar apenas para eles, mas de estar com eles. De aparecer no feed com naturalidade. De ser presença sem pressão.
5. Como conquistar esta geração
- Autenticidade antes de tudo: não fingir o que não é.
- Humanizar a marca: mostrar pessoas, bastidores, detalhes reais.
- Ser rápido, mas com propósito: vídeos curtos, mensagens diretas, mas com conteúdo.
- Participar na conversa: responder a comentários, usar tendências de forma coerente.
- Experimentar formatos: TikTok, Reels, conteúdos colaborativos (a Geração Z vive neles).
Conclusão
Os Millennials ajudaram a construir o palco. A Geração Z nasceu em cima dele e o público agora é outro.
No turismo, continuar a comunicar da mesma forma é perder relevância. Quem compreender a diferença entre criar para partilhar e criar para sentir vai estar sempre um passo à frente.
No fim, comunicar bem com a Geração Z não é falar mais. É falar certo, no tempo certo e no tom certo, o tom humano que, no fundo, nunca sai de moda.
Boas reservas!


