O futuro será de quem transformar ideias em valor real

Dos grandes centros urbanos às ilhas do Atlântico, o mundo está a mudar. Hoje, criar já não depende de onde se nasce, mas da coragem de transformar ideias em valor real. As redes sociais, a tecnologia e a inteligência artificial apenas tornaram o “como” mais acessível do que nunca.

De Londres, é fácil perceber para onde o mundo caminha. A tecnologia, a inteligência artificial e as redes sociais estão a eliminar camadas, intermediários e barreiras. Hoje, uma ideia pode tornar-se realidade a partir de um portátil (ou até do telemóvel), sem depender de ninguém.

Hoje, enquanto grandes organizações continuam a criar valor através de estruturas complexas e longas cadeias de decisão, a tecnologia oferece às pessoas comuns a possibilidade de criar e entregar valor de forma mais direta, pessoal e independente. É uma mudança silenciosa, mas profunda: cada vez mais, o impacto nasce das ideias de quem tem coragem para as pôr em prática.

A exposição deixou de ser privilégio das grandes marcas, já que as redes sociais dão palco a quem tem algo autêntico para dizer.

E sempre que vejo isso, penso nos Açores. Durante muito tempo, nascer na ilha parecia uma desvantagem. Hoje, é o contrário: é começar com uma história, uma identidade e uma forma diferente de ver o mundo. Trabalhar a partir de grandes tecnológicas com centenas de fundadores e marcas no Reino Unido ensinou- me algo claro: as pessoas compram de pessoas. As marcas que crescem são as que criam valor direto, humano, autêntico e transparente. E esse é precisamente o ADN açoriano: proximidade, comunidade, verdade.

Nos últimos anos, começa a surgir uma nova geração de empreendedores e pequenas empresas nas ilhas, apoiada por iniciativas locais e europeias que procuram criar condições para inovar, colaborar e crescer a partir de territórios periféricos. Há movimento, há talento e há vontade. Mas ainda existem barreiras por ultrapassar.

A logística e a infraestrutura continuam a desafiar quem quer escalar no digital. Por exemplo, é rara a vez que trabalhe remotamente de casa e a internet não vá abaixo. E o acesso a capital, seja investimento privado, fundos ou linhas de crédito, ainda é limitado, embora esteja a começar a mudar com o interesse crescente em negócios de base regional e sustentável.

Nos Açores, porém, a inteligência artificial e as redes sociais nivelam o campo de jogo. Elas permitem que talento local alcance o mundo, que marcas pequenas ganhem escala global, e que ideias nascidas entre montanhas e mar encontrem o seu público, sem intermediários.

O futuro pertence a quem faz. A quem alia a criatividade humana ao poder da inteligência artificial e à força das redes sociais para transformar ideias em impacto real, independentemente da geografia.

Miguel Pestana

Londres, 27/10/2025

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